05 November 2014

Adventures

Quando era míuda, brincava a um jogo a que chamava "As Aventuras". Espantem-se as novas gerações, mas eu ía a pé para a escola. Lembro-me que a minha mãe me dava uma moeda para o caso de ser preciso apanhar o autocarro mas essa moeda ficava sempre no bolso, a não ser nos dias em que a tempestade implicava mesmo um alerta laranja a nível nacional.
Normalmente, era com o meu primo que fazia o percurso entre casa e a escola e, ou íamos calmamente na conversa, ou fazíamos uma corrida, ou então, nos melhores dias, jogávamos às aventuras. Este fantástico desafio consistia em fazer o caminho mais complicado possível até ao destino. Se houvesse umas escadas e um muro ao lado, nós tínhamos de trepar o muro. Se houvesse uma rua cheia de cães, era por aí que tínhamos de passar. Se houvesse um carreirinho plano, nós tínhamos de o evitar e ir antes pelo meio dos arbustros e das rochas. Demorávamos no mínimo o dobro do tempo, ficávamos arranhados, cansados, rasgávamos calças e camisas... E chegávamos a casa sujos, mal cheirosos e inchados de orgulho.
Segundo me lembro, esta ideia surgiu da série televisiva Kung Fu, mais propriamente da fase em que o Sr Carradine fazia uma longa e solitária caminhada por entre montanhas e desertos.
Hoje já não me aventuro, sou uma chata. No máximo, arrisco-me a ir de saltos altos buscar o meu filho à escola.

Found Them!

Lembras-te disto?
Então, vê lá isto!!!!

01 October 2014

Meteorologia das Coxas e Arredores

É chato quando está frio, é chato quando está a chover e é muito chato quando está vento. E quando está calor é um bocado chato também. Porque até é bom, mas chegas a casa e só te apetece prender o cabelo e despires-te. E prendes o cabelo e despes-te (q.b.). E depois sentas-te no puff de cuecas. E quando te levantas, o puff segue contigo, "colado" às tuas coxas e arredores*. E isso é um bocado chato.
Vou ali tomar um duche.

* Sim, fiz questão de não incluir a palavra "rabo" ou qualquer variante da mesma porque não me parece uma palavra suficientemente poética para um texto tão profundo.

Os Dias Bons

Ofereceram-me o livro que eu queria. Abri ao calhas e li:

"Os dias bons são os dias em que se acorda, tendo dormido oito, nove ou, melhor ainda, dez horas e, reflectindo naquela ronha de quem já não consegue dormir mais mas gosta de ficar na cama (porque a temperatura e a companhia são perfeitas), se lembra que não tem nada para fazer, senão tomar o pequeno-almoço, o almoço, o chá e o jantar. E, se quiser, entretanto, nalgum intervalo qualquer, trabalhar, tanto melhor. Mas não importa. Dias de domingos antigos: dias de prazer sem saber.".

Sim, é este. É mesmo este o livro que eu queria.

04 July 2014

Zumba

O Facebook está, como sabeis, repleto de filosofia. Os meus "amigos" andam a partilhar este vídeo como se fosse a revelação de uma grande verdade só agora descoberta e transmitida através das palavras sábias deste grande orador. Pois, ponham os olhos neste homem:



Aposto que está cheio de dinheiro e de mulheres e homens atrás dele. Mas há várias questões que me ocorrem:

- Antes de mais nada, o que é que aconteceu no Querido Mudei a Casa que o fez pensar que é o novo Dalai Lama Português?
- Como é que alguém pode dizer que presente é "pré-sente" e "mente chama-se mente porque nos mente" sem levar com um martelo na cabeça? Ah, e "não consegues pensar e sentir ao mesmo tempo"... a língua anda lá às voltas e não sentes nada e mais não sei quê?!! Hã?!
- Porque é que ele gesticula como se estivesse a dar uma aula de Zumba sentado? Será para ficarmos tontos e confundirmos essa sensação com arrebatamento ou comoção?
- O que tem de especial a mensagem por trás desta aula de Zumba? É impressão minha ou já a Carochinha, em toda a sua humildade de mulher casadoira, percebeu isto tudo há muitos anos, quando o João Ratão caiu no caldeirão?! Eu não a vejo dar palestras de perna traçada e cachecol ao pescoço! É que, ao que parece, este Gustavo já publicou 5 livros!

Bom, vá, era só isto. Até à próxima.

12 June 2014

Our True Nature

Mãe é mãe e a minha sempre disse que o meu pior defeito era ser muito distraída. Eu sempre achei que tinha outros piores mas sim, sabia que era muito distraída. Distraída ao ponto de, no final da refeição, levantar o meu prato e ir "arrumá-lo" em cima da minha cama, arrumar o açúcar no frigorífico, ir para a praia sem levar fato de banho, etc.
Quando fui trabalhar para o estaminé onde estou actualmente disseram-me que a atenção ao detalhe era crucial. Só fazia disparates. Um vez o meu chefe reuniu 3 ou 4 desses disparates, feitos num só dia, e disse-me que eu tinha de ter mais cuidado. Assustei-me com a minha própria estupidez e, a partir desse dia, accionei todos os mecanismos possíveis para vencer a minha natureza. Um esforço imenso e, venci. Em quase 5 anos não fiz um único erro crítico.
 
Fora do estaminé, continuei a mesma.... Ufa! Disparates, liberdade, relaxamento. Sem regras e sem horários e sem organização. Eu própria.
Quando engravidei, a minha mãe, (e mãe é mãe), disse-me que estava curiosa para ver como é que eu ia tomar conta de um bebé distraída como era. Assustei-me. Quando ele nasceu, naturalmente accionei todos os radares. Passei a controlar e a registar uma série de coisas. As saídas à rua passaram a ser esgotantes. Para além do sempre presente radar dos cães, apareceu o radar daquela criatura saltitante, dos vidros e outros materias perigosos no chão, o radar dos muros, das estradas, das ravinas, das pessoas estranhas, etc. Uma canseira.
 
A tosta deixou de ser a tosta.

Já trabalho no estaminé há 6 anos e julgo que os mecanismos de auto-anulação estão a esmorecer. Depois de cerca de 5 anos sem erros, fiz já 2 este ano.
O Biscoito fez 3 anos recentemente e julgo que os meus radares materno-obsessivos também estejam a relaxar ligeiramente. Ontem o Brownie e o Biscoito foram visitar-me ao trabalho para irmos jantar juntos. Achei prudente ir no meu carro para o caso de nos atrasarmos. Ficaram à minha espera para seguirem atrás de mim até ao shopping pois o Brownie não sabia o caminho. Eu saí, passei por eles e segui excitadíssima com a minha visita. Minutos depois, recebo uma chamada do Brownie furioso, "Nunca mais te vi! Não era suposto ir atrás de ti?! Onde é que estás?!". Respondi "Epá... estou no shopping, nunca mais me lembrei de vocês.". O Brownie incrédulo, zangadíssimo, disse-me num tom áspero "Tu és uma cabeça no ar!". Sorri e senti um estranho alívio. Pois é, julgo que aos poucos estou a voltar a ser eu mesma.
Aliás, hoje, pela terceira manhã consecutiva, tirei um café sem colocar a cápsula primeiro. É tão bom quando nos reencontramos.

14 May 2014

Sweet & Sour


E não é que esta canção, que por acaso até é a mais linda canção de sempre (de hoje), também fala do primeiro amor?...

19 March 2014

My First Heartbreak

No outro dia lembrei-me do meu primeiro "amor". Era um rapazinho chamado João e era o rapazinho do meu coração. Eu andava na escola primária. Um dia, no recreio, partiu-me a cabeça. Atirou-me uma pedra à cabeça. Fiquei prostrada no chão a deitar sangue da testa. Ao longe ouvia-se esta canção:

 



No dia a seguir, ele pediu-me desculpa. Disse-me que tinha sido sem querer, que era para acertar noutra pessoa mas falhou a pontaria. Eu acreditei e ele continuou a ser o rapazinho do meu coração.
 
É na infância que temos o primeiro contacto com o "gostar por amor" e é também nessa tenra e terna idade que começa a dificuldade em reconhecer e aceitar a rejeição, mesmo quando esta é tão cruelmente óbvia.


 

07 March 2014

The Mayan and Their Crap

Ah e tal, os Maias eram geniais e mais não sei quê.
Eu discordo.
Para já, disseram que o mundo ia acabar em 2012 e não acabou. Lá vieram em defesa dos senhores, "Não é bem acabar, é mais um recomeço, uma mudança"... Tanga. Está tudo na mesma, lentamente caminhando para o fim.
Mas o pior foi mesmo terem inventado esta coisa do calendário. Ah e tal, que inteligentes, que sistema tão complexo e sofisticado e mais não sei quê. Uma chatice, é o que é. Não só faz com que vivamos todos no estúpido e cansativo ciclo incessante dos ratinhos, como nos assola diária, semanal, mensal e anualmente com uma série de pressões absolutamente desnecessárias e aborrecidas.
 
E de que forma foi a Tosta recentemente vítima deste flagelo? Pois bem, eu conto-vos.
Nunca fui muito de resoluções, mas este ano deu-me para fazer uma verdadeira reflexão sobre o que queria alcançar neste 2014. Fui contagiada pela parvoíce geral da Passagem de Ano. Não usei cuecas azuis, não me pus em cima de uma cadeira e não bebi champanhe. Comi sim 12 passas mas estas tinham expirado em 2011, o que me fez prever nada mais do que uma indisposição para o início do ano. Para compensar, pus-me a inventar e criei uma série de resoluções com o objectivo de ser uma pessoa melhor, mais saudável, mais feliz. Tentei concretizar a primeira das muitas resoluções e falhei. Parti para a segunda e falhei. Fiquei chateada, frustrada, desanimada. Consegui desta forma iniciar o ano chateada, frustrada e desanimada. E a culpa não é minha, é dos Maias. Claramente.
 
Mas, vá, a partir de agora é sempre a subir. Comer uma sopa por dia. Deve ser fácil. Fico-me por esta. Granda Tosta! Este ano vai ser meu!
Brócolos, beterrabas, nabos e nabiças, muita cautela! Não há Kukulcán que me páre.

20 January 2014

Light


Patrick Watson, Bright Shiny Lights

16 January 2014

L'homme qui plantait des arbres


 
O Homem que Plantava Árvores (L'homme qui plantait des arbres, 1988), realizado por Fréderic Back. Uma curta metragem toda desenhada à mão, baseada num conto de Jean Giono de 1953.
Conta a história de Elzeard Bouffier, um pastor de ovelhas que plantava árvores e que não fumava.

03 January 2014

Simulation

Já não escrevo aqui há uns tempos. E podia fazê-lo hoje.
Mas achei mais seguro fazer apenas uma simulação primeiro.
O ano começou há pouco tempo e ainda estou a arrumar as minhas caixinhas.

This is a simulation
This is for demonstration
This is an only ilusion
This is my only delusion
(...)
If it's all on my veins
It's all in my mind
You don't get to be unkind