26 November 2015

Romana

Há que chamar os bois pelos nomes. Neste caso, a vaca. As 3 pessoas que lêem este blog sabem que a tostamista é, na verdade, uma cachopa chamada Romana. E não é qualquer pessoa que se chama Romana. E não é qualquer pessoa, aliás, que tem estofo para se chamar Romana.

Acredito que as pessoas com nomes parvos são mais rijas do que as Anas, as Ritas, os Pedros ou os Nunos. Não por ordem do destino ou dos três pastorinhos mas simplesmente porque passar pela infância e até mesmo pela adolescência com um nome parvo vai criando uma capacidade extraordinária de ignorar e desprezar idiotas e de erguer a cabeça nas situações difíceis.

Na escola primária cantavam-me "Romana-Banana, esconde o marido debaixo da cama!". Agora até acho graça mas lembro-me que ficava muito envergonhada quando tinha os meus 6-9 anos. Depois, chegou o dia fatídico em que a professora se lembrou de ensinar a numeração romana... Cada vez que ia ao quadro fazer um exercício de numeração romana era o regozijo da sala de aula. "A Romana vai fazer a numeração romana! Hahaha!". E quando me enganava... The horror... "A Romana não sabe a numeração romana! A Romana não sabe a numeração romana!" era repetido incessantemente durante toda a manhã. Lembro-me perfeitamente de estudar a numeração romana com todo o meu empenho.
 
 
Lembro-me também de, já na escola secundária, ter ido para a rua numa aula de História porque a professora me estava a chamar e eu estava a ignorá-la completa e (aparentemente) intencionalmente. A triste verdade é que eu, pouco atenta à aula, confesso, pensava que ela estava a falar da civilização romana e por isso, não estava a reagir. Injustiças da vida.

Mais tarde, as piadas já eram menos más ou era eu mais indiferente. "Chamas-te Romana? Vens de Roma?"... Moc, moc, moc.... Nestes casos, era o próprio engraçadinho que se sentia ridículo assim que se apercebia da pobreza de espírito da piadola... "Já deves ter ouvido isto muitas vezes...". "Sim, já." respondia eu, já com alguma arrogância adquirida.

E eis senão quando há uma tolinha de nome Carla ou Paula ou outra banalidade qualquer que se lembra de adotar o nome artístico Romana e cantar uma música patética sobre uma mulher que já não é bebé. Burra. Todas as piadolas anteriores desvaneceram e agora o que oiço é sempre "Romana?!, Hehe! Também canta? Hehehe.". Pois, canto sim. Canto até melhor do que a outra, se querem que vos diga.

Uma vez, chegada a um restaurante, o empregado fez um ar muito desiludido e disse "Oh, quando fez a reserva pensei que era a cantora...". Temos pena, senhor. Ele insistiu "Primeiro pensei que era a Romana e depois pensei que era a Susana Félix que eu adooooro.". Temos pena, senhor, sou só eu, uma suburbana de cabelo crespo. Traga lá a ementa faxavôr.