06 July 2011

Sniper



Os portugueses e portuguesas que estão atentos ao meu blog sabem que estão a fazer umas obras mesmo em frente à minha casa. O barulho dos tractores é ensurdecedor. Para além disso, estão também a fazer obras no terraço do meu prédio. Marteladas irritantemente compassadas entram pela minha cabeça adentro durante todo o dia. Como se isto já não bastasse, tenho uma vizinha que comprou um caniche para enfeitar a varanda. Como objecto de decoração que é, fica na varanda, que não tem mais de 3 metros quadrados, dia e noite. É também dia e noite que ladra como só os caniches sabem fazer, estridente e estupidamente. Ontem estava já à beira de um ataque de nervos. O meu filho não conseguia dormir e eu imaginava-me uma sniper sem piedade a atirar certeiramente a cães e homens das obras. O senhor da casa acordou e eu fui ao cabeleireiro espairecer as ideias. Queria silêncio. Só me chateava pensar que, tipicamente, ía ter de ouvir a opinião da cabeleireira sobre a crise e sobre a morte do Angélico... mas lá fui. Cheguei ao cabeleireiro e a gerente aproximou-se.
- A pessoa que vai tratar do seu cabelo é um senhor surdo-mudo, importa-se?
- Não, não me importo mesmo nada!