30 March 2016

Invasão de Privacidade

Mudei de casa há 3 meses. E se, dantes, a minha vista era para mato, coelhos e cabrinhas, agora é, de um lado, para a cidade de Lisboa, e do outro para os prédios do outro lado da estrada. Por motivos de força maior, passo algum tempo à janela da cozinha que dá precisamente para os tais prédios. E eis que me deparei com uma nova situação: a invasão da privacidade. Não é a invasão de privacidade, que acontece quando nos invadem a nossa privacidade. Não. É a privacidade dos outros que me invade, entra-me pelos olhos adentro, desavergonhada e sem pedir licença.

Já vi de tudo um pouco. Até já aprendi umas coisas. Descobri, por exemplo, que as donas de casa têm o hábito de pôr as almofadas a arejar, entalando-as na janela... Nunca tinha pensado em tal coisa. Há uma senhora, aliás, que, ao acordar, se despe toda (mesmo toda) em frente à janela e atira com o pijama para o parapeito da janela, julgo que também para o arejar, ou se calhar é uma questão de aproveitamento de espaço. Não sei.

E há um indivíduo... Ó céus, um indivíduo... O indivíduo que me fez pensar nesta coisa da invasão da privacidade... O indivíduo que me invade os olhos. Pois, o indivíduo chega a casa e vai para a cozinha que dá para a janela da minha cozinha. Ele abre a janela, deixa-a bem escancarada, e despe-se. Despe-se todo. Conforme se despe, vai cheirando as diferentes peças de roupa... e depois, às vezes, veste-se. Outras vezes, não. Fica só de cuequita... Vai-se a ver e tem calor, que isto tem estado com temperaturas muito altas ultimamente...

E podia ser uma imagem deste género:



E, se assim fosse, minhas amigas, eu até não me importava assim tanto e ficava aqui caladinha a deixar a invasão acontecer.

Mas não é nada disto. É mais isto:



E o indivíduo senta-se numa mesinha que tem na cozinha e lá fica todo o serão. E parece um macaco... faz coisas nojentas que não vou descrever. É porco e mete-me nojo. E parece ter algum gosto em ser visto. Faz questão de deixar a janela sempre aberta e senta-se mesmo em frente a ela.

Eu não quero olhar, fico de lado, olho para o céu, olho para baixo, fecho os olhos... mas a privacidade dele invade-me. E ele está em sua casa, faz o que quer. Quem sou eu para me queixar? Não gostas, não olhas. Só que não é assim tão fácil... E tenho saudades da minha varanda e dos meus coelhinhos.

Mas vá, na dificuldade devemos encontrar a oportunidade: talvez tenha agora a grande motivação para largar o vício de uma vez por todas. Fumar passou a ser uma tortura visual.

2 comments:

rosa said...

Demasiada informação...

tostamista said...

Exato.