Segundo o Facebook, 70% da população está a jantar num sítio muito fashion, ou a visitar uma cidade muito in, ou a curtir imenso com amigos super giros, com dentes imaculados. Eu cá vou cortar as unhas e ver televisão. E depois vou deitar-me cedo porque tive de acordar às 7h e já estou a ficar entradota... E não vou documentar com fotos.
Pois é, os emélicos continuam a perseguir-me. Vou poucas vezes a Lisboa, mas sempre que lá vou e falho o pagamento nem que seja por 5 cêntimos, deixam-me um bilhetinho no vidro do carro. Já nem ligo, aliás, nunca liguei.
No outro dia, fui à ginástica toda lampeira, de calças de licra e ténis da moda. Paguei o parque todo certinho, avisei o senhor da frente que ele estava a estacionar num síto onde era proibido e fui até ao ginásio, de consciência tranquila, abanando a bunda com 2 quilos a mais. Vim de lá, com as mesmas calças de licra, com os mesmos ténis da moda e muito provavelmente com os mesmos 2 quilos a mais, mas agora a cheirar a transpiração e cheia de fome e... vi o meu carro bloqueado! Nem queria acreditar; pensei "Enganaram-se!!!". Mas não, não se enganaram. Os espertalhuchos põem um sinal de "Proibido Estacionar" à frente, indicando que a proibição é dali para a frente, e outro igual atrás, só mesmo para apanhar as tostamistas ingénuas desta cidade. Pois, fui apanhada, sim senhor. Dou-lhes os meus parabéns por tal esquema bem engendrado.
Paguei a multa, desbloquearam-me o carro e um homem amigo mostrou-me a sua solidariedade, dizendo que eles eram umas bestas e que aquilo estava mesmo feito para enganar as pessoas. No fim do episódio, vi duas criancinhas a olhar para mim, com uma carinha muito curiosa... e sorri. Elas fugiram assustadas. Eu era a má, a senhora suada que se portou mal...
O Biscoito (filho da Tosta) pensava que não gostava de papa, até ao dia em que provou a sopa. Tinha 4 meses e uma semana.
Quantos de nós, já crescidos e com as vacinas todas, não percebemos que tínhamos um bom emprego, apenas quando mudámos para outro? Quantos de nós não valorizámos o nosso parceiro, apenas quando o perdemos?
A sopa altera a percepção da papa... e esta, afinal, até é bem boa! Comam as vossas papinhas com gosto e sem reclamar, caros leitores.
Há-de chegar também o dia em que o Biscoito vai provar um pudim Flan e perceber que andou a perder tempo com papas e sopas, mas essa é a lição nº 23.
Há uma pessoa que, sempre que me vê, pergunta com uma valente dose de sarcasmo "E para além disso, em que é que tens pensado? Filosofia, política, literatura?... Nada?". Pois bem, chegou o momento em que tenho de encarar a realidade. Afinal, em que é que eu tenho pensado?
- Cocó, chichi, fraldas, leite, biberões, roupa para lavar, roupa para passar a ferro, banhos, passeios, cremes, creche, unhas, baba e gargalhadinhas;
- Peso, banhas e ginástica;
- Regresso ao trabalho e horários;
- Quem matou Rosie Larsen?;
- Sono, dormir, almofadas fofinhas e lençois gostosos.
Filosofia, zero. Política, népias. Literatura?... Bom, comprei 2 livros este mês, És a Minha Mãezinha? e As Aventuras do Cavaleiro D. Nuno. Li os dois em 3 minutos. Não está nada mal...
Os portugueses e portuguesas que estão atentos ao meu blog sabem que estão a fazer umas obras mesmo em frente à minha casa. O barulho dos tractores é ensurdecedor. Para além disso, estão também a fazer obras no terraço do meu prédio. Marteladas irritantemente compassadas entram pela minha cabeça adentro durante todo o dia. Como se isto já não bastasse, tenho uma vizinha que comprou um caniche para enfeitar a varanda. Como objecto de decoração que é, fica na varanda, que não tem mais de 3 metros quadrados, dia e noite. É também dia e noite que ladra como só os caniches sabem fazer, estridente e estupidamente. Ontem estava já à beira de um ataque de nervos. O meu filho não conseguia dormir e eu imaginava-me uma sniper sem piedade a atirar certeiramente a cães e homens das obras. O senhor da casa acordou e eu fui ao cabeleireiro espairecer as ideias. Queria silêncio. Só me chateava pensar que, tipicamente, ía ter de ouvir a opinião da cabeleireira sobre a crise e sobre a morte do Angélico... mas lá fui. Cheguei ao cabeleireiro e a gerente aproximou-se.
- A pessoa que vai tratar do seu cabelo é um senhor surdo-mudo, importa-se?
No outro dia convidaram-me para ir à minha petisqueira preferida... Lembrei-me daquela esplanada, da praia lá ao lado, do Sol, daquela sangria, dos enchidos, das amêijoas e dos chocos... e disse que não, ainda não posso. Este ano vão ser menos os dias de praia, raras as idas a petiscadas, poucos ou nenhuns os dias a torrar ao Sol forte do meio-dia como eu gosto... Mas não faz mal nenhum. ELE faz muito, muito mais que o Sol!
Com esta coisa de ficar em casa à espera que se me rebentem as águas, estou a descobrir que poderia ser feliz no ramo da pastelaria. (Especialmente se pudesse fazer as tartes e os bolos ao som de música como a que se segue). E eu até sei que isto não vos interessa absolutamente nada mas o blog é meu...
Fat Freddy's Drop, Roady
Sim, mana Rosa, eu sei que devia comer maçãs... a tarte era de maçã, vá...
Tenho medo de cães, não é que não goste de cães, não é receio ou respeito, é mesmo medo, medinho, muito medo, pavor, fobia. Esta condição está cada vez pior e agora que tenho uma pancinha ainda me assusto mais porque sinto que, se precisar de fugir, não terei a mesma facilidade que teria em condições normais. As pessoas que me aturam irritam-se e berram comigo e desconfio que chegam a ter vergonha de ir ao meu lado na rua. É ridículo, eu sei. Já cheguei a correr para dentro de um restaurante as berros "Vem aí um cão!!!" como quem grita "Fogo!"... Já subi para o celim de uma bicicleta para fugir do alcance de um cão minúsculo, já percorri largos quilómetros para evitar muitos cães. Vou comprar pão de carro porque tenho medo de ter um encontro directo com um cão grande e saltitão. Os saltitões são os que mais me assustam...
Mas ontem fiquei estática e em silêncio. Acho que estava em choque. Nesta terrinha onde vivo, vi um homem com um atraso mental a "passear" uma cadela bestalhuda, arraçada de Pit Bull. O tal homem era magro e parvo e a cadela é que o passeava a ele. Pior, ela tinha um olhar louco e desesperado de quem já comia uma pernoca rechonchuda. Apareceu outro cão abestalhado, à solta, e começou aos saltos e a ladrar para a besta cadela. O magro dono, já cansado, resolve largar a besta. Havia um jardinzito mesmo ali ao lado mas ele achou melhor soltar o animal ao pé de uma esplanada onde estavam imensas pessoas, incluíndo crianças e eu!!! As bestas desataram a correr uma atrás da outra como se não saíssem à rua há meses. Ladravam e saltavam e corriam e eu bloqueei. Acho que o sangue deixou de circular e fiquei parada a tentar respirar apenas. Não me lembro se foi minha iniciativa ou se fui empurrada mas entrei para dentro do café. O dono entrou também e as bestas foram a correr atrás dele. Lembro-me de estar de costas para a parede e de sentir as bestas a arfar atrás de mim, uma delas tocou-me na perna rechonchuda. Choque, silêncio, oxigénio apenas.
A empregada do café deve ter reparado no meu estado e na estranha posição (em pé, encostada à parede, de costas) e berrou "Eu tenho aqui uma grávida, pá!", ao que o tonto responde "Uma rata?!", "Não, uma grávida. 'Tás parvo ou quê?! Sai daqui.". Ele lá foi... e eu consegui pedir 3 bolinhas.
Se eu pudesse, mandava prender o responsável pelo tonto e pela besta cadela. Mandava prender também quem não faz por que seja cumprida a lei que obriga a que os cães andem de trela e açaime. Mandava prender todas as pessoinhas que não limpam o cocó dos seus animais e mandava prender todos os idiotas que arranjam um cão só para enfeitar a varanda e depois não os passeiam, fazendo-os sofrer e obrigando a vizinhança a levar com o ladrar irritante dos fofinhos, dia e noite... e desculpem lá, mas levava todos os cães vadios não sei para onde. E mandava prender todas as pessoas que soltam os cães na praia e nos parques infantis... Ou então, ía só tratar-me. Isto deve ter cura.
Tinha de ir ao Centro Comercial Vasco da Gama fazer uma troca e não me apetecia nada... Lá puxei pelo saquinho da energia e fui. Valeu a pena. Não pela troca, não pelo passeio, não pelo Sundae de caramelo do Burger King (que não vale nada), não que tenha encontrado alguém que me interesse mas somente porque ouvi este diálogo numa loja de roupa:
Lojista (que por acaso até era a gerente da loja): Posso ajudar? Quer experimentar um destes vestidos? Cliente (que por acaso até era daquelas tias de cabelo loiro e cheio de laca): Sim... Lojista: Então, diga-me lá, que número é que veste? Cliente: 42 Lojista: Olhe, é assim, digo-lhe já que eu não m'acredito nas suas mamocas dentro destes vestidinhos! Cliente: ... (Silêncio prolongado e olhos esbugalhados)
Soltei uma gargalhadita e vim para casa. Por hoje, estou satisfeita. "Eu não m'acredito nas suas mamocas" é das melhores expressões que já ouvi.
... Olha, e ainda por cima encaixa perfeitamente no sentimento que tenho desde há uns meses sempre que olho para o espelho... É que eu própria não m'acredito nestas minhas novas mamocas!
O caríssimo senhor administrador dos CTT achou que, com 8 anos de estudo, a coisa ficava resolvida e ele ficava com uma licenciatura completa. Isto independentemente do que tinha, efectivamente, realizado durante esses 8 anos de frequência universitária... "Epá, são 8 anos e muitas cadeiras feitas... Noves fora e o Tratado de Bolonha deve considerar isto no mínimo uma licenciatura.". CV actualizado, assunto arrumado.
Pois, eu cá estudei 6 anos na faculdade, sem nunca repetir cadeiras; até tive uma boa média... e dizem-me que sou licenciada... Hum, vou mas é actualizar o meu CV e espetar com um valente Mestrado a negrito. Venha o aumento! Viva a simplificação.
Soube há uns dias que este senhor, uma das pessoas que eu mais amo no Mundo, queria ser agricultor. Não sei explicar bem porquê, mas fiquei a gostar ainda mais dele.
Querem uma Luz Melhor que a do Sol!
Ah! Querem uma luz melhor que
a do Sol!
Querem prados mais verdes do que estes!
Querem flores mais belas do que estas
que vejo!
A mim este Sol, estes prados, estas flores contentam-me.
Mas, se acaso me descontentam,
O que quero é um sol mais sol
que o Sol,
O que quero é prados mais prados
que estes prados,
O que quero é flores mais estas flores
que estas flores -
Tudo mais ideal do que é do mesmo modo e da mesma maneira!
"I work and I sleep and I dance and I'm dead
I'm eatin, I'm laughin and I'm lovin myself
We're eatin off plates and we kiss with our tongues
Like humans do"